Mostre-me um exemplo Profissão: Mãe!: Curitiba, terra de gente educadinha. Será???

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Curitiba, terra de gente educadinha. Será???

Eu sei que estou devendo. Sempre devendo.
Cada vez que eu disser que continuo outro dia, nem criem falsas expectativas. Contabilizem o prejuízo.
Começo a falar de outro livro, de outro assunto, de outro encontro, de nova feira; e o que eu fiquei de contar, já nem me lembro mais.
Tem tanta coisa que quero dividir que as postagens ficam meio confusas...
Na verdade, a vida é que é ligeira demais para o meu ritmo. Eu sou uma pessoa lenta.
Às vezes me pego um pouco incrédula olhando para o tempo passar, como a criança que acompanha o balão de gás que escapou.

Isso tudo é para dizer que não é por falta de cuidado que os assuntos estão sempre aos pedaços. A velocidade das minhas próprias ideias é que me atropela...

Deixando para trás o lero-lero, vamos ao que interessa.
Reservando o café-literário com o Miguel Sanches para uma outra oportunidade (vou tentar retomar, prometo!!), aterrisamos no dia 03 de setembro, para um bate-papo com o escritor Raimundo Carrero, que também ministrou a oficina de romance na Bienal de Curitiba.
Apesar de Carrero ser um grande romancista e excelente professor, a conversa não foi tão agradável como eu esperava.
No espaço em frente ao café acontecia outra palestra, com um sistema de som muito mais potente, o que fazia do nosso evento uma maratona de fôlego e volume de voz.
Para piorar a situação, ao contrário do que aconteceu nos outros dias, a organização da feira não fechou o espaço para o bate-papo, e o abre e fecha da porta de entrada nos trazia importunas amostras do palestrante concorrente. Somado a isso, o burburinho típico de qualquer aglomeração de pessoas também se infiltrava sala adentro, como que querendo contribuir para aquele pequeno caos.
Mas esses detalhes foram apenas falhas técnicas, passíveis de melhora numa próxima edição.
O que não dá para ajustar tão facilmente é o comportamento do público...
Dentro do café a tônica foi falta de educação e desrespeito. Apesar de reiterados pedidos, a conversa paralela rolou em alto e bom som. Se os responsáveis pela balbúrdia eram conterrâneos ou visitantes não temos como saber. O fato é que ninguém se deu ao luxo de perder a fofoca, baixar o tom de voz ou fazer uma piada. Como não podia deixar de ser, os jovens estavam barulhentos, agitados. Mas eles se constrangiam quando repreendidos. Já os adultos - supostamente professores e pessoas ligadas à área de educação e cultura - deram um belo exemplo. Confesso que deixei minha mesa várias vezes. Primeiro foi para trocar uma ideia com a moça que cuidava da porta que, solícita, providenciou que baixassem o volume do microfone do espaço em frente. Depois, interpelei um grupo de meninas que estava na fila do caixa, pedindo que fizessem silêncio e passassem adiante o recado. Ainda dei uma bronca nos rapazes que sentaram na mesa ao lado, e com o porta guardanapo - de metal - começaram a brincar de pião. O tumulto só parecia crescer.
Quando o moderador abriu para perguntas, não me contive!
Com o poderoso microfone à mão, relatei à platéia uma crônica de Antônio Torres, outro escritor brasileiro de primeira grandeza que ministrou oficinas de conto e crônica na Bienal, na qual ele falava de sua impressão sobre a nossa cidade e citava uma música da Rita Lee, onde ela diz que Curitiba é uma cidade bonitinha, limpinha, de gente educadinha. Apresentando para quem não conhecia o grande escritor no palco, contei que estava triste e envergonhada de presenciar aquela indiferença, e pedi a todos um pouco de respeito e silêncio, para que pudéssemos provar ao ilustre visitante pernambucano que realmente Curitiba tinha gente educadinha.
Recebi alguns aplausos, a concordância do moderador, o apelido de 'Dom Quixote' do próprio Carrero - que muito humilde e educadamente disse que respeitava a opção do público - mas isso foi tudo.
Infelizmente, naquela tarde, Curitiba deu mostra de ter uma gente muito mal-educadinha.

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